Você sabe o que estão debatendo sobre a educação no país?
Desde o início do mês um assunto sobre educação se tornou pauta importante no debate nacional sobre direitos e políticas públicas. O tema: educação domiciliar.
Você tem acompanhado este debate?
O movimento começou porque uma das 35 metas do atual governo é regularizar a educação familiar. A medida divide opiniões e as decisões sobre o assunto afetam diretamente o futuro das nossas crianças.
Educação domiciliar diz respeito à autonomia de país para educar seus filhos em casa. De acordo com a Aned, Associação Nacional de Educação Domiciliar, a “Educação Domiciliar é uma modalidade de educação, na qual os principais direcionadores e responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem são os pais do educando (aluno).” Além disso, o conceito gira em torno do entendimento de que os pais podem ser mediadores entre seus filhos e o conhecimento.
Maiores detalhes sobre a proposta você pode conferir no site da Aned.
Para os pais, o argumento é de que a educação brasileira está aquém dos padrões de qualidade e que os pais são plenamente capazes de educar os filhos a partir do estudo conjunto. O aprendizado seria incorporado à rotina integral familiar, podendo a família de forma independente passar seus princípios e ideais à formação dos filhos.
Muitos deles relatam casos de bullying na escola ou pouco tempo de convivência familiar como justificativas à modalidade.
A educação domiciliar seria então uma alternativa a esta realidade.
No entanto, muitos profissionais da educação, psicólogos e pedagogos têm se mostrado contrários à medida. Eles apontam que a individualização da educação pode prejudicar as crianças quanto ao convívio social e tirar a pluralidade de pensamento e experiências.
Organizações como o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) se posicionaram contrários à medida.
Para eles, a escola não é somente um espaço de aprendizado sobre matemática, português ou geografia, mas trata-se de um ambiente onde as crianças aprendem sobre diferenças físicas, sociais, históricas, sobre intolerância, paciência, coletividade, respeito e também desenvolvem pensamentos críticos a partir dos debates gerados por visões diferentes.
Educação plural, diversificada e inclusiva
O tema é complexo e envolve diversas perguntas que estende-se à realidade da educação brasileira.
Profissionais argumentam, por exemplo, que se o bullying é uma questão que afeta o desenvolvimento da criança, da mesma forma, isolá-las em um espaço de segurança não condiz com a realidade do mundo lá fora. O bullying existe na escola, mas a competitividade, a divisão de tarefas e o envolvimento interpessoal existe no mercado de trabalho. Como amadurecer o enfrentamento dessas crianças para que possam lidar com todas essas questões tão presentes no dia a dia de qualquer adulto?
O fato é que a questão nos coloca a refletir sobre um assunto primordial para toda a sociedade. Precisamos pensar sobre como estamos participando da vida escolar dos filhos.
Se a educação brasileira está abaixo das expectativas, nossa função é mobilizar forças na construção de uma educação de qualidade para todos ou viabilizar que cada família lide de maneira individual e conquiste a qualidade a partir das suas próprias condições?
Para os pais que defendem a iniciativa, o argumento é de que esta já é uma realidade em países como o Estados Unidos e Canadá.
O Brasil e o mundo
No entanto, é preciso cautela quanto às comparações e atenção à diversidade cultural, climática e social de cada país.
Diferente de muitos dos países usados como parâmetro, o Brasil ainda luta para que todas as suas crianças tenham acesso à educação básica. O que significa que o questionamento deve levar em conta os desafios atuais da educação brasileira, como, por exemplo, o poder de fiscalização do Estado.
De todo o debate, um fato é o mais notório, é preciso aproximar os pais da formação educacional dos filhos. Se por muito tempo uma linha separou as funções e delegou à escola o papel pela formação intelectual e aos pais a formação de caráter, mais do que nunca esta ideia precisa ser reformulada.
O governo tem trabalhado nessa questão por meio de uma Medida Provisória (MP), e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos já redigiu a primeira versão da MP. Sendo assim, é provável que nos próximos dias o assunto seja ainda mais debatido.
Neste caso, vale a pena dedicar um tempo para acompanhar a evolução do processo e se informar sobre os argumentos contrários e favoráveis à medida.
Ou então, que tal já começar esse diálogo com a escola do seu filho?
Quem sabe o assunto não abre uma via de diálogo e avanço na evolução da educação que o seu filho recebe? A luta pela educação não é só do estado ou dos professores, é de pais, alunos e toda a sociedade.
Aqui no blog já falamos do sobre a importância de estar atento à rotina escolar dos filhos, corre lá e já comece esta reflexão!